
Escritório tem como intuito transformar espaços em verdadeiras experiências. Giovana Belinello é o nome por trás da proposta
Em um ano atípico e em que diversos negócios foram impactados com a pandemia, muito se falou sobre a necessidade de ter espaços aconchegantes e funcionais, seja em casa ou em estabelecimentos comerciais, como restaurantes, escritórios e lojas. Com as mudanças que foram impulsionadas pelo momento delicado, a arquiteta Giovana Belinello enxergou a possibilidade de apresentar a sua forma de trabalho, que coloca a empatia, a experiência, o bem-estar e o afeto em todo o seu processo criativo. Criado no segundo semestre de 2020, o escritório de arquitetura Dès Vu chega para apresentar novas possibilidades no segmento.
“O que é mais necessário na arquitetura atual é justamente o que é mais necessário na vida – integridade. Assim como o ser humano, a integridade é a mais profunda qualidade de uma edificação… Se tivermos sucesso, teremos prestado um grande serviço à nossa natureza moral – a psique – de nossa sociedade democrática… defenda a integridade de sua edificação como você defende a integridade não apenas na vida daqueles que a fizeram, mas, em termos sociais, pois uma relação recíproca é inevitável.”
Frank Lloyd Wr, em 1954, aos 85 anos de idade
Dès Vu tem diferentes significados, mas é “a percepção de que isso um dia irá virar uma lembrança ” que apresenta um pouco da proposta do escritório de arquitetura: a de criar espaços, conceitos e experiências que farão parte da memória de quem os conhece. O nome também faz parte da personalidade da arquiteta, que usa não só as suas especializações para desenvolver seus trabalhos, mas também suas experiências, empatia e vivências para transformar lugares. “Eu gosto de pensar na história das pessoas que viverão naquele espaço, seja para morar ou ter uma experiência de compra. Eu não quero fazer um lugar que seja só bonito. Eu quero alterar estados de espírito promovendo bem-estar e fazer com que a pessoa saia melhor do que entrou. Acredito que arquitetura é trazer o conforto por meio do ambiente, de objetos e de materiais. É transformar por meio dos sentidos“, explica Giovana.
O espaço e o tempo
Espaço e tempo dizem respeito à relação dos ambientes e das
pessoas que nele habitam, com suas diversidades, idades,
preferencias e noções do próprio espaço. O espaço pensado
enquanto local e o tempo interpretado como as pessoas que irão interagir dando sentido a experiência do conviver.
“A arquitetura é nosso principal instrumento de relação com o espaço e tempo, para dar uma medida humana a essas dimensões. Ela domestica o espaço ilimitado e o tempo infinito, tornando-o tolerável, habitável e compreensível para a humanidade. Como consequência dessa independência entre o espaço e o tempo, a dialética do espaço externo e interno, do físico e do espiritual, do material e do mental, das prioridades inconscientes e conscientes em termos de sentidos e de suas funções e interações relativas tem um papel essencial na natureza das artes e da arquitetura.”
Os olhos da pele – A arquitetura e os sentidos – Juhani Pallasmaa
A cidade contemporânea na sua vastidão e beleza, envolve o
elemento coletivo e o elemento privado, a sociedade e o indivíduo, num movimento de contraposição e confusão mediante suas edificações imponentes e instigantes que chamam a atenção do olhar, por vezes ignorando os outros sentidos. Deste modo, passa a influenciar os espaços, no qual prevalece uma visão fragmentada, e uma interpretação alienada da realidade. Ou seja, há uma tendência ao isolamento e à exterioridade, ao invés de haver uma promoção da conexão humana com o mundo. A arquitetura passa a questionar essa falta de humanismo que é construída por esse desequilíbrio sensorial, que consequentemente pode limitar a imaginação, os sonhos e as memórias.
Uma das funções do arquiteto é ler a cidade em sua continuidade, sem negar as rupturas existentes, propondo suturas, integrando os elementos novos àqueles existentes, respeitando a especificidade do lugar, em busca de conexão, articulando sua arquitetura à toda uma pluralidade de atividades, habitacionais, comerciais, de lazer, incentivando assim a criação de uma identidade.
EXPERIÊNCIAS
Graduada pela FAAP e especialista em arquitetura residencial e comercial, visual merchandising, retail design e estratégia de persona, Giovana tem em seu currículo o renomado escritório do arquiteto Kiko Salomão, o projeto de acessibilidade de unidades da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) e mais de 5 anos com arquitetura comercial, onde desenvolveu, enquanto integrava a equipe da arquiteta Renata Patelli, a Barbearia Corleone, salões de beleza, lojas e restaurantes. Além disso, Giovana possui um extenso background em artes, já que trabalhou com artes de rua, com o artista Speto.